Há uma pressão silenciosa que aparece assim que começamos a gostar de alguém. Uma espécie de manual não escrito que sugere que certas versões de nós devem ser arrumadas, dobradas com cuidado e guardadas numa prateleira alta. O “eu solteiro”; espontâneo, ligeiramente egoísta, cheio de manias e horários estranhos; passa rapidamente a ser visto como algo inconveniente, quase embaraçoso. E eu não pude... » Continue Reading
Os relacionamentos mudaram mais depressa que aquilo que nós, solteiros, conseguimos acompanhar. Antes, as pessoas amavam porque era inevitável, porque a vida lhes empurrava alguém para o caminho. Agora parece que amam porque precisam; precisam para existir, para provar qualquer coisa, para mostrar que têm valor. Hoje, só se realizam em relações, como se a felicidade tivesse sido privatizada e o ac... » Continue Reading
Há dias em que sinto que namorar em Lisboa é como tentar arrendar um T1 no Príncipe Real com o meu salário de estagiário: tecnicamente possível, praticamente ridículo. E, enquanto atravessava a cidade no outro dia; naqueles passeios que só servem para nos convencermos de que ainda temos esperança; dei por mim a pensar: será que o amor também ficou gentrificado? Porque antes, pelo menos na minha im... » Continue Reading
Há noites em que Lisboa parece uma dessas cidades luminosas que só existem em filmes; aquelas onde toda a gente encontra o amor menos tu, que ficas com o papel secundário de figurante emocional, sempre em cena mas nunca realmente na história principal. E foi exatamente assim que me tenho sentido quando saímos os quatro: eu, a Eva, a Vera e a Sofia. Elas vêm radiantes, e eu… bem, eu venho só acompa... » Continue Reading
Nestes ultimos dias, não tenho conseguido deixar de pensar se, na era dos matches instantâneos, das compatibilidades astrales e dos clássicos “adoro viajar” em todas as bios, ainda existe espaço para aquele amor à moda antiga; o que não precisa de filtros, nem astrologia, nem três fotografias na praia para provar que existe. Ou será que andamos todos só à caça daquela química improvável, fugaz, o ... » Continue Reading
Fiz todas as minhas melhores memórias com pessoas que nunca mais irei falar com. E isso é a parte mais estranha da minha (e da tua) vida. Há capitulos que se enchem de risos, amor e conversar tardias à noite, e que ainda assim se finalizam sem um final. Nem sempre recebemos um adeus, porque, às vezes, as pessoas preferem se desvanecer para o fundo das nossas vidas, deixando para trás ecos de momen... » Continue Reading
There's a time in life when we stop believing in grand beginnings. The innocent excitement of thinking everything can be new is gone; only a sense of déjà vu remains, as if each story comes with captions we already know by heart. Perhaps the city of Lisbon should be renamed "Lis More-of-the-Same," because it's no longer boa at all. It's always the same script: two people meet, exchange glances, pr... » Continue Reading
Há uma altura da vida em que deixamos de acreditar em grandes começos. Já não há aquela excitação inocente de quem acha que tudo pode ser novo; só a sensação de déjà-vu, como se cada história viesse com legendas que já conhecemos de cor. Talvez devesse-se trocar o nome da cidade de Lisboa para Lis Mais-do-Mesmo , porque de boa já não tem nada. É sempre o mesmo guião: duas pessoas encontram-se, tro... » Continue Reading
Há dias em que sinto que a felicidade está sempre a acontecer noutro lugar. Como se fosse uma festa para a qual todos foram convidados; menos eu. E, mesmo quando chego perto, há sempre qualquer coisa que me falta. Um pormenor, uma promessa que não se cumpre. Lembro-me de uma noite em que tudo parecia alinhado: a roupa certa, a bebida certa, a companhia certa. E, num piscar de olhos, percebi que nã... » Continue Reading
Há uma certa paz em fracassar. Não no fracasso bonito das histórias de superação; aquele que acaba em TED Talks e lições de vida; mas no fracasso cru, quotidiano, quase invisível. O fracasso que não tem moral da história, nem aplausos. Só o silêncio, e um leve constrangimento. Porque o fracasso tem isso: um tipo de liberdade que o sucesso nunca vai entender. Quando tudo corre mal, já não há expect... » Continue Reading
Até certa extensão. A traição é feia, covarde, e deixa sempre um rasto que ninguém quer admitir ter deixado. Mas também é humana. E talvez seja aí que o desconforto mora... na constatação de que todos, em algum momento, já estivemos mais perto dela do que gostaríamos de reconhecer. Porque às vezes o verdadeiro ponto de rutura não é um beijo escondido, mas o momento em que a pessoa que dorme ao nos... » Continue Reading
Há quem diga que os relacionamentos morrem no casamento. Mentira. A maioria nem sobrevive aos três meses. É nessa altura que a paixão deixa de ter filtros vintage e começa a parecer-se com o que realmente é: uma experiência humana feita de manias irritantes, respirações barulhentas, silêncios desconfortáveis e discussões sobre onde jantar. Três meses; esse prazo de validade invisível em que o enca... » Continue Reading