Eu vi o demônio por entre cubículos estilizados. Eu o vi em letreiros luminosos, que ceifam a escuridão da noite e usurpam a lua nas selvas de concreto, letreiros que não gritam o divino, mas marcas multi-bilionárias satânicas. Eu vi o diabo nessas letras fluorescentes, o vi caminhar com seu sorriso fétido por entre ruas mortas e cinzentas. Eu vi satã dançar na cacofonia das metrópoles, nas buzinas e gritos desvairados das caixas de som de jovens delinquentes possuidos. Uma juventude possuida pelo inferno. Eu vi lúcifer gargalhar aos mortos que acordam todos os dias para se escravizarem em correntes de dopamina e trocados até o fim de seus dias.
Eu vejo Deus no nascer do sol. Eu vejo Deus quando sinto sangue quente percorrer minhas veias, quando vejo lágrimas de alegria nos olhos deles. Vejo Deus na solitude, no silêncio. Eu vejo Deus nas brincadeiras de crianças inocentes, eu O vejo nas famílias que comungam de amor. Vejo Deus na carne crua temperada de bovinos. Vejo Deus nos grãos de café. Vejo Deus na beleza da arte. Vejo Deus na aniquilação total. Eu O vejo no sepulcro dos bons e na chama das velas de catedrais. Vejo Deus ao olhar para os vitrais das almas que passam por mim todos os dias. Vejo Deus na pequenez de meu eu. Vejo Deus na harmonia de tudo. Vejo Deus na brisa dos campos e no perfume das flores. Eu vejo a Deus nas poucas conversas sinceras e quietas da vida. Vejo Deus nos olhos dela, em sua face. Eu vejo Deus no pôr do Sol.
Eu vi a face de Deus hoje mais cedo, e Seu Anjo me acolheu em Seu Amor. Deus sussurrou na minha alma e enfim o mundo se foi.
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