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Category: Art and Photography

A morte da Arte.


Saudações, SpaceHey!!!

Ei, quanto tempo! Genuinamente pensei que jamais fosse postar algo aqui novamente, este perfil já é um cemitério virtual por si só, o blog então, é um mausoléu! Mas cá estou e cá permanecerei (pelo menos até o próximo bloqueio criativo bater á porta). Matutei por um bocado de tempo sobre o quê escrever, e sim, eu sei que na primeira entrada eu disse entusiasmado que: "tinha tanto para dizer!" e... Eu realmente tenho! O problema é organizar tudo isso na mente e ainda formalizar em palavras, e como diz o ditado: "O que está posto em palavras já está morto nos corações".


PS1 PSX Graveyard Pack by CrimsongCatFotografia verdadeira deste blog de quem vos escreve!


 E sabe o que mais está com o pé na cova, meu caro leser? A Arte! Sim, ela mesma, o mármore esculpido que nunca se acaba, a digníssima fonte da juventude eterna de todo unwissend metido a grão-mestre; a neta de Deus! (como bem destacou o iniciado dentre os Fedeli d'Amore). Aquela que um dia foi designada inclusive nas áreas da ciência do cosmos (um dia hei de discorrer sobre Alquimia aqui, mesmo que isso vá contra todos os preceitos e leis da mesma, haha!) a Ars Regia! E hoje, moribunda, é pronunciada tal qual uma diarréia sonora, junto dos termos "contemporâneo" e "moderno", que fim mais injusto para algo tão magnífico!

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A Imperatriz 'Arte', catatônica e defunta em seu trono de beleza eterna.

Ela esteve conosco desde a gênese do gênero humano, foi ela quem nos ensinou a andar, nos amamentou em seu seio de cores, sons e fantasias. Ela sempre esteve lá, here, there and everywhere, como objeto do intelecto dos primeiros homens, que no curto tempo de contemplação entre a caça, a procriação e a morte, se deliciava ao assoprar por entre orifícios em um osso de costela de um animal qualquer; perdia-se em delírio  ao adentrar pela primeira vez o mundo da música em direção a seus deuses, ao Absoluto.

 Eis aí o axioma da Arte: Ela é a ponte do finito ao infito, o arauto de Deus.

(Bifröst, a ponte que liga o reino dos homens ao reino dos deuses na mitologia nórdica)https://external-media.spacehey.net/media/sY4iUtspNO9y4HwWECr1IUmGmh1BaEsOQPj2M3o4nW0Y=/https://i.pinimg.com/originals/5c/d1/fa/5cd1faa2cb50020cbd80ed06ac795cd5.jpg


O Papel da Arte para o alcance da Theosis!

 O ser humano é por natureza contemplativo. Nenhum gato, cão, planta, micróbio ou pedra é capaz de uma skill tão overpower quanto é a de contemplar, única ao gênero humano. O homem não só se maravilha ao perceber a vida em tudo o que há, mas a quer aperfeiçoar, embelezar; sacralizar! Não se contenta em ver a beleza de uma coroa de pétalas que envolve a rosa, mas ao colorir de sangue uma rocha, ele a imprime buscando a rosa das rosas, algo que reside apenas em sua imaginação! Este ato de exteriorizar a contemplação interna de forma externa (desde formas lúdicas como pinturas e poemas, até manufaturas técnicas como reatores nucleares) é o que veneramos como a Arte!

 Ela trespassou as eras e quebrou ao meio o tempo, dignificou desde os celtas com suas runas, os astecas com suas pirâmides meridionais, os nórdicos e seus mitos encantados, os nipônicos com toda sua sutileza assassina e sedutora, os romanos e gregos com sua simetria sagrada. A arte sempre esteve lá para alçar esta miríade de povos à chama do Divino. A Arte é nossa resposta para o cântico sublime com que os mitos fundadores nos chamam à luz do Deus. Não é o homem que cria o Mito, o Mito é quem o cria (entenda-se: forja) em seu ser mais profundo.

 Dante Alighieri ao dizer que "As artes são netas de Deus" não só destaca a imagem e semelhança do homem com o Divino (a contemplação, fruto do intelecto) mas também meio que "traça uma genealogia transcendente", demonstrando que o que é nosso filho (nossas subcriações [como dizia Tolkien, {vulgo o único anglo-saxão que admiro, muahaha}]) é marca do Absoluto que quase que transborda em cada um de nós!

 É muito comum ao leitor não-iniciado (trocadilho 100% proposital, entendedores entenderão, hehehe) na literatura Dantesca pintar Beatrice apenas como uma "divinização imprópria" do amor (Como se o Amor já não fosse divino, não é? -_-), ou PIOR! Ver Beatrice como uma mera paixão na vida de Dante! Que idiotice! Beatrice é exposta plenamente na magnum opus de Dante: A Divina Comédia; com a mais fina das exposições de simbólica, algo quase místico e surreal para um poema! Ela é dita e mostrada como símbolo da TEOLOGIA, da busca pelo conhecimento de Deus. É Beatrice quem guia Dante, mesmo que por intermédio de Virgílio, das profundezas de sua alma, ao Inferno, Purgatório e finalmente à subida ao Paraíso e ao píncaro do que a alma do poeta aguenta: A contemplação da essência de Deus pelo reflexo no olhar da Rosa das rosas, da Santíssima Virgem Maria.

 Cada verso de cada canto da epopéia de Dante é senão um simbólico degrau manufaturado por sua alma, sua mais alta contemplação expressa na realidade sensível. Dante faz então algo que quebra o ditado que mencionei no início (eu sempre acabo sendo refutado! ;-;): "O que está posto em palavras já está morto nos corações.". Dante conseguiu metalinguisticamente e misticamente expressar a Arte na Arte: Reviveu o coração no cristal das palavras.

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Dante ao lado de Beatrice contemplando a luz da Rosácea Celeste


A morte da Arte.

 Tal qual Lúcifer, o mais belo entre todos os Anjos, portador da luz e da própria beleza, mas que contemplando sua luz, que não vinha de si, mas de Deus, renegou a própria luz e se tornou trevas sem beleza, pureza ou verdade; nós cuspimos no hidromel sagrado dos deuses, fechamos as portas para as projeções de Brahma em nosso tempo, crucificamos o Amor em troca de um pedestal para justamente o único objeto que não merece estar posto em um: Nós mesmos.

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 A "arte" moderna (Dá quase um embrulho no estômago pôr estas duas palavras na mesma frase) não se eleva para absolutamente nada de elevado. Seu nível desceu tanto às profundezas do Hades que, ao ver a faísca do fogo do inferno, pensa ser a luz de um Anjo. Os industrialistas da alma usam de pincéis e de sinfonias para batizar o mundo em sua desesperança, niilismo e revolta contra o Deus que se escondia nas Catedrais, nos tapetes persas e nas Toccatas de Bach. Sua "elevação" só trata do que tange o humano, o material, o fútil. Homens e mulheres que andam nús em nome de causas "políticas e ambientais" são aclamados por sua loucura que não leva o mundo a lugar algum. O feio, o simplório, o concretismo, a falta do adorno e da mística matou um Anjo inocente chamado Belo.


(E se, ainda sim, você achar que é tudo uma "questão de gosto" ou que "beleza é subjetiva, sinto lhe informar, mas você já foi dominado por este mundo louco. Volte duas casas :p)



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