Sob o Temporal de São Paulo

Os dias cinzentos são os melhores

O céu cinza, quase esbranquiçado

Uma folha de papel delicada

Pronta para ser preenchida

Os dias ensolarados não são para mim

Corpos quentes me causam tontura

Em minha boca uma incessante secura

E um anseio por ter você

O ar é maçante, como sempre

A água por toda terra se estende

Mas mesmo em farta quantia

Há em si uma aura sombria

Quero o sentimento de me jogar do alto

A sensação do maravilhoso acaso

A vibração do piano em meus dedos

Viver sem ter de esconder segredos

Sinto saudade da música de verdade

A que eu fazia sem piedade

Cantava meus pulmões afora

Só vivo em constante agonia agora

O fogo que queima em meu peito 

Desejando se alastrar

Quero espalhar, o amor que tenho pra dar

Sem sofrer, sem chorar

Estava cansada de ser normal

E quando chegasse no final

Seria só mais outro dia

Com os versos de meu coração

Pude escrever uma linda canção

De que me orgulho de mostrar

Para quem quiser admirar

Cansada de ser normal

Cansada do usual

Só procurava o por acaso

O ar é maçante, como sempre

A água por toda terra se estende

Caindo em minha pele

Quando você me compreende

Os dias ensolarados me causaram tontura

Deixando minha mente em constante ternura

O conforto da fria chuva

Meus brilhantes cachos repuxa

Descobri em você uma nova razão

Uma letra de outra canção

Me portava com decoro

Em cada verso caprichoso

Minha sede não é sede de água

É sede de amor, um amor sem mágoa

Amor de verdade, que me cause um blecaute

Um desejo forte que nunca acabe

02/09/2023