Eva é a típica dona de casa perfeita, aquela que vemos nos comerciais de margarina. Mas, com a chegada do terceiro filho e marcas de violência surgindo nos corpos dos filhos, ela começa a duvidar de si mesma, do marido e de todos ao seu redor.
O filme se inicia apresentando a família de Eva — composta por seu marido Vicente, as gêmeas Angela e Sara, e o recém-nascido Lucas. Desde o começo, fica evidente o desejo de Eva de se sentir parte daquela família, já que suas filhas são biologicamente de Alice, a falecida esposa de seu marido. Apesar de estar criando as gêmeas há quatro anos e ser chamada por elas de mãe, Eva sente certa distância da ideia de realmente pertencer à família, além de duvidar do quanto as meninas consideram Lucas seu irmão. Sua insegurança é reforçada pela exaustão trazida pela maternidade, pois, além de lidar com as tarefas domésticas — como limpar, lavar roupa e cozinhar —, ela cuida das gêmeas, do bebê e ainda trabalha paralelamente projetando bebês reborn para mães que perderam seus filhos.
Seu trabalho, no entanto, é constantemente desacreditado pelo marido, que insiste na ideia de que ele sustenta a família exaustivamente enquanto Eva apenas fica em casa e "brinca de boneca". Além da pressão habitual de administrar o lar, ela também sofre por conta das exigências do marido para agilizar o processo de venda da casa de seus pais, a fim de aliviar a situação financeira da família.
O filme reforça constantemente a presença de câmeras vigiando os personagens, seja por celulares, babás eletrônicas ou câmeras de segurança locais. Esse detalhe se torna crucial mais tarde, quando o ponto de vista de Eva passa a ser questionado. Primeiro, machucados de origem incerta aparecem no corpo do bebê, Lucas. Depois, surgem hematomas e marcas suspeitas nas gêmeas Angela e Sara. Elas acusam Eva de tê-las machucado, o que a mulher nega veementemente. No entanto, entre os arranhões e hematomas nos corpos infantis, há marcas em forma de coração — um detalhe que imediatamente acende um alerta, pois Eva usa essa mesma marca como sua assinatura nos bebês reborn que fabrica.
Enquanto o pai negligencia as filhas, o bebê e a esposa, Eva se vê obrigada a suprir essa ausência, mesmo exausta e tomada pela paranoia. O ápice do sentimento de exclusão ocorre quando, misteriosamente, fotos dos hematomas das meninas são divulgadas no grupo de mães da escola, expondo Eva como uma mãe agressiva e negligente. Sem apoio psicológico ou alguém para conversar, ela começa a acreditar que Alice, a falecida mãe das gêmeas, de alguma forma está viva e tentando retomar seu lugar. Segregada e abalada, suas atitudes agressivas acabam desencadeando um declínio na saúde de Sara.
No auge do caos, Vicente decide procurar ajuda psicológica para a esposa e marca uma consulta para ela. No entanto, ao invés de prestar apoio genuíno, ele exige que ela se afaste dos filhos enquanto Sara se recupera — o que só intensifica a insegurança de Eva sobre seu papel na família.
O afastamento instiga Eva a investigar mais sobre a trágica morte de Alice e como essa situação afeta o presente. Convencida de que seu marido pode estar envolvido em todas as desgraças que assombram sua família desde antes da morte de Alice, ela começa a suspeitar de que ele não só abusa das gêmeas, mas também encobre tudo ao jogar a culpa sobre ela. No entanto, o desfecho surpreendente revela que nem Eva e nem seu marido são os verdadeiros vilões: a responsável por todos os episódios violentos e suspeitos é Angela, uma das gêmeas. A menina não apenas machucou o irmão e a irmã, como também manipulou a situação para incriminar Eva, dando continuidade ao seu plano de eliminar todos da família para ficar sozinha com o pai.
O filme se encerra deixando muitas pontas soltas e situações confusas, como:
- Vicente de fato abusou das filhas?
- Angela premeditou ou interferiu na morte de sua mãe, Alice? Pois é dito que Alice não sabia nadar e sempre se recusava a fazer atividades relacionadas ao mar, mas, misteriosamente, aceitou embarcar em um iate e morreu ao cair do barco e se afogar.
- Angela havia convencido Sara a mentir sobre a origem dos arranhões e hematomas? E, se não, Eva teria tido algum ataque violento durante seus lapsos de depressão pós-parto?
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