Mayhem - poderia ter sido melhor

Lady Gaga começa o seu álbum ‘Mayhem’ com Disease, uma música pesada, com um instrumental muito rico, voz alterada e cantada com muita emoção. Na primeira vez que tive contato com a música, odiei, mas após umas 3 ou 4 sessões, comecei a adorar. Gaga canta com um tom energético sobreposto a um tom mais suave e assustador, dando profundidade e encaixando perfeitamente com a performance da música na The Mayhem Ball Tour. Os sons são manipulados cuidadosamente para emocionar e causar euforia no ouvinte em momentos específicos da música, utilizando guitarras, pianos e sons puramente eletrônicos, além de uma vocal poderosíssima.

Logo em seguida, somos agraciados com Abracadabra, um respiro da Lady Gaga de épocas passadas, uma doce mistura de techno, house e pop, sendo impossível não se emocionar ouvindo a faixa. Pessoalmente, preferi a versão do Mayhem on The Beach, pois a versão gravada no estúdio não esboça toda a emoção que a Gaga geralmente expressa cantando. Assim como na faixa anterior, são utilizados diversos instrumentos para dar profundidade à faixa, além de várias faixas da Gaga cantando com diversos efeitos. 

Em Garden Of Eden recebemos um abraço apertado, com um instrumental muito suave, cheio de camadas e delicioso de ouvir. A música tem uma melodia energética, com diversas mudanças no ritmo e arranjo e ganchos como nada que a cantora já produziu. Garden of Eden é a alma do Mayhem, isso é fácil de se notar. 

Perfect Celebrity é uma música um pouco “cansada”, que parece ser uma versão demo. O instrumental é rico, com muitas camadas que funcionam muito bem entre si, mas não combina com a forma emocionada de cantar da Gaga. Uma letra tão rasa quanto a música em si, a única parte interessante é a forma de como tudo se fecha no final, preparando para a próxima faixa. 

A querida Vanish Into You, uma faixa dedicada a Tony Bennett e aos fãs mais apaixonados (obrigada, Gaga!) é um respiro no meio do álbum, com uma letra linda, um instrumental muito bem trabalhado e com uma mixagem perfeita. Confesso que comecei a gostar mais após a performance dela no Mayhem on The Beach, onde toda a emoção que ela não passou no estúdio pôde se transparecer.

Killah é uma faixa agradável, com pouca coerência com o instrumental e a performance da Gaga. Veja bem, se você separar a ponte da música, o refrão e o restante, vão parecer músicas completamente diferentes, no mau sentido. 

Em Zombieboy, Gaga faz uma referência de muito bom gosto aos seus trabalhos anteriores com uma faixa extremamente energética, deliciosa de ouvir e dançar. Infelizmente, não há mais o que se falar do título, pois ela não se desafiou a fazer nada além disso. 

LoveDrug é difícil de ouvir mais de duas vezes, a música não se desafia a inovar em nenhum momento, fica aquela coisa maçante, chata de ouvir e cansativa. Definitivamente uma das mais ‘esquecíveis’. Não emociona, não causa sentimentos bons ou ruins, ela simplesmente só serve para contar mais tempo álbum.

How Bad Do U Want Me se parece com uma música de qualquer artista, menos Lady Gaga. Cantada na voz dela, fica especial, pois ela sabe exatamente quais emoções quer passar para o ouvinte. Na parte da produção, não fizeram demais, nem menos, é satisfatório ver o instrumental progredindo conforme a letra vai evoluindo, mas a ponte deixa muito a desejar. 

Poucos sabem o que ela quis fazer em Don’t Call Tonight, mais uma música com letra sem sentido algum, instrumental e mixagem bagunçados, essa faixa dá vontade de desistir do álbum.

Shadow Of A Man tem uma pegada mais parecida com a época dos seus primeiros trabalhos. Não é uma faixa ruim, mas faltou um fator X, um motivo para ouvir essa faixa de novo.

The Beast se parece com uma faixa que seria descartada do ARTPOP ou Chromatica, extremamente parada, letra chata, tudo chato. Faltou um carinho da parte da produção.

Com Blade Of Grass, Gaga emociona com uma letra linda, cantada com muita emoção e com um instrumental lindo. E só. A faixa só se propõe a ser aquela parte emocionante do show.

O hit Die With A Smile merece todas as flores e aclamação que recebeu. Com um lindo instrumental, letra linda e vocais apaixonados dos dois artistas, são poucos que não se emocionam ouvindo a faixa. É uma música linda para se fechar o álbum. 

Mayhem é um álbum que começa enérgico, que dá vontade de viver, porém, perde sua força conforme vai acabando. Poderia ter sido resolvido com outro posicionamento das músicas e com mais carinho na parte da produção, mas não deixa de cair bem no ouvido, mesmo sem grades inovações.