juro pelos deuses silentes que um dia vou deglutir cada átomo teu que ainda me assombra — e você nem suspeita quais vésceras tuas permanecem em mim. vou escarificar, uma a uma, as horas roubadas que me envenenam a rotina, e até lá, espero que o tempo não cicatrize.
que o cosmos te golpeie a boca cada vez que ousares prometer *aquelas palavras* a outrem. que sua língua sangre quando meu nome te atravessar os dentes. que teu peito se estilhace ao creres reconhecer-me em alguém mas nunca reconhecerá pois sabe que não há réplica possível do que fui para ti.
no emaranhado de almas errantes, todas a rastejar em busca de si mesmas, entre o desdém e o tédio de existir, rogo que nunca mais me encontre. porque se um dia nossos caminhos se cruzarem outra vez, juro que te arrastarei comigo para o abismo, e tu, outra vez, hás de murmurar-me as mesmas promessas.
antes, porém, vou pulverizar-te o coração. vou reconstruí-lo só para vê-lo desmoronar de novo. tuas cinzas se misturarão ao meu creme hidratante tua pele será meu manto sua memória vai se tornar a minha segunda sombra. e eu, faminta, vou mastigar e engolir um pedaço cru de tua existência - não por fome mas por garantia: para que você nunca mais seja inteira sem mim.
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