Não me peça pra ser brando
quando nasci trovão.
Teu medo do mundo
náo vai costurar meus olhos.
Me queres em moldes mornos,
roupas neutras, pele virgem --
mas meu corpo clama por tinta,
minha carne grita por aço.
Quero marcar minha existência
com agulhas e atitude,
fincar no meu tempo
o sagrado da minha liberdade.
E tu tremes...
Não por mim,
mas pelos olhos dos outros,
Teu amor é espelho --
mas eu sou vidro estilhaçado.
Não suporto viver podado, não nasci para caber.
Se minha essência te fere,
então não te deites com ela.
Pois ser julgado não me assusta --
me assusta me apagar.
Me assusta viver como sombra
de quem eu poderia brilhar.
E se tua paz exige
a minha prisão silenciosa,
prefiro o caos com meu nome
do que o céu com tua voz mentirosa.

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