Viver ou não viver intensamente?

Ultimamente, acho que, acho não, é mais uma certeza, principalmente por estar no último ano do EM, eu não sei, sinto que não estou aproveitando minha vida ao máximo, mas não é como se eu já tivesse aproveitado ela ao máximo alguma vez rsrsrs. A pressão para passar direto em uma faculdade boa e prestigiada e toda hora alguém perguntando o que eu quero cursar me assusta demais e, consequentemente, eu me obrigo a estudar absurdamente para poder aprender mais para os vestibulares, mas aí eu não tenho tempo de fazer mais nada para relaxar E se eu OUSAR relaxar eu me sinto uma merda porque parece que eu não me esforço absolutamente para NADA. Eu sempre tentei ser uma aluna perfeita na escola, tanto porque eu busco a aprovação acadêmia desde sempre, sempre sinto que conquistei ela, e também pelo incentivo dos meus pais e por viver na sombra da minha irmã, porque, querendo ou não, por mais que ela fez um ano de cursinho antes de passar em um curso totalmente diferente do que ela queria inicialmente, ela ainda sim é como se fosse o patamar que eu devo no mínimo chegar ou ultrapassar.

Eu não consigo decidir o que eu gostaria de seguir. Eu amo artes, sempre quis fazer artes visuais, mas será que isso é mesmo pra mim?Será que eu vou conseguir me encaixar no mercado? Amo sociologia e a sociedade,  pô então ciências sociais é uma boa opção, certo? Mas e biologia? Sempre foi meu sonho desde criança ser bióloga e, talvez, focar na área da ornitologia(focada em aves) pois eu amo animais e a natureza e tudo que pode existir nela. Mas e relações internacionais? Por que eu falo que quero cursar sendo que nem eu sei o que uma pessoa que cursa isso faz direito?....É um sonho meu ou um que eu to pegando da minha irmã? Sendo bem sincera, eu acho que passaria minha vida toda só estudando, trabalhando para estudar, mas só as matérias que eu me interesso mesmo, aquelas que eu acho interessante pra caramba, mas não somente a uma área de conhecimento, mas entre todos esses que eu citei acima. Mas mano, é uma pressão tão enorme, que começamos a sentir desde o meio do segundo ano, pra decidir algo que eu ainda não sei e metade dos meus colegas de sala já sabem a muito tempo…..É rir pra não chorar gente.

Eu paguei um cursinho online para estudar matérias complementares mas não sei, conciliar a escola com ele é muito difícil, muito mesmo e o único tempo que eu tiro pra mim descansar (para ir na academia, ser saudável já que eu só ficava em casa, e até jogar com meus amigos ou ver filme/série)  tanto da escola e dos vestibulares eu fico me sentindo uma inútil por não estar sendo útil mais e isso eu percebi que é algo muito comum comigo mesma. Eu odeio não me sentir útil. SEMPRE. Eu procuro coisas para fazer, em trabalho, na sala, em qualquer lugar que é possível ajudar, mesmo que seja na menor coisa possível, eu vou estar lá tentando ajudar. Eu prefiro me sobrecarregar do que não fazer nada. O sentimento de ser inútil me traz uma angústia tão grande e sufocante que parece que eu vou morrer, juro. Isso é muito problemático e eu sei disso, eu sou e fui exposta a tantos casos de depressão, mortes e problemas sérios causados por isso, mas mesmo assim é possível de um dia eu ter um burnout por tanto tentar ser útil e perfeita em tudo, mas esse é o único jeito que eu sei e que eu aprendi a ser. E eu pareço até uma doida por fazer isso, porque eu mesma aconselho meus amigos a descansarem a terem um tempo para respirar, esquecer um pouco a escola, mas se EU Isabelli fazer, seloko eu vou ser a pior pessoa do mundo e não vou merecer viver. E não é falta de aviso, meus amigos falam pra mim que eu preciso descansar também, mas é tão difícil tirar um tempo para mim.

Aí em cima disso já vou filosofar aqui pra vocês: Por que é tão difícil nós tirarmos tempo para nós mesmos? Por que não conseguimos descansar? Eu tenho certeza que não é só eu que sou assim. Sob o viés sociológico de Byung Chul-Han, cada época é marcada por suas enfermidades. Uma hora tínhamos como parâmetro a era bacteriológica, também havia preocupação pela era gripal, no entanto, o século XXI é mais marcado pelo cansaço neuronal. Deparamo-nos com doenças quase que majoritariamente neuronais, a saber: depressão, síndrome de burnout, déficit de atenção etc, são vistas como doenças patológicas que surgem no início do século XXI, dessa forma, se ocorre diversas mudanças sociais nas relações pessoas. Han traz a ideia de que hoje não existem relações que se pense no outro. Vivemos, basicamente, numa época totalmente egocêntrica e pobres de negatividades porque os adoecimentos neuronais do século XXI são caracterizados pela dialética, não dá negatividade, mas sim da positividade.

Falando assim fica meio confuso, mas é basicamente o que eu expliquei de forma chula as coisas que eu sinto. Nossa preocupação está na superabundância, no excesso de positividade, queremos que tudo dê certo, e isso acaba tornando-se danoso à própria saúde, pois, quando não a realizamos nós tendemos a cair na frustração, gerando um cansaço mental, porque esperamos, esperamos, esperamos, mas, não aconteceu. Ele ainda, muito inteligentemente, soma as redes sociais como um dos casos para nosso profundo cansaço mental e emocional, visto que, toda hora somos bombardeados em relação a vida de outras pessoas, principalmente influencers, que “supostamente” possuem a vida perfeita. Quando vemos qualquer pessoa conseguindo/conquistando algo que queríamos, sentimos um mix de sentimentos tão fortes, variando de esperança que também podemos conseguir, inveja pois não é a gente ou até mesmo tristeza porque já podemos ter tentado e fracassado. Além disso, ele também problematiza como sociedade caminha para um existencialismo digitalizado exacerbado, aonde tudo pode, não há regras que possam impedi-la de realizar tal ação e, mais ainda, a sociedade se cansa, esgota e estar adoecendo mentalmente, caminha para uma mudança radical em seu estilo de vida.

Ele é genial. O Han consegue compreender como o tempo mudou a sociedade e nos tornou seres produtivos e é basicamente o que eu redigi o texto inteiro sobre como eu me sinto(???). O cara tá a frente do tempo. E o problema é que eu acho que não tem muito como remediar, tanto que ele também fala sobre o uso de alguns remédios para a medicação de doenças mentais, mas com eles também corremos o risco de ficarmos viciados para nos sentirmos melhores. E é foda pensar que quem ainda toma esses remédios para ficarem melhor, muitas vezes são até nomeados de loucos por não estarem bem. Não são poucas vezes que ouvimos pessoas falando “Nossa, mas ele tem de tudo, por que tem depressão?”, a banalização dessas doenças só estão aumentando e ainda num século que elas são as que comandam tudo. É uma merda problematizar isso da forma errada e isso causar milhões de mortes, pois, era “frescura”. Não nego que a compreensão sobre elas aumentaram e a conscientização dela em relação às gerações foram aumentando, mas não seria melhor propor algo para amenizar? Na minha visão talvez, se o ensino do país fosse realmente de boa qualidade para todos e padronizados, ter psicólogos disponibilizados para os alunos e até mesmo aulas que ensinem-os a lidarem com seus sentimentos de forma saudável poderia remediar o problema e com o tempo até anulá-lo? Sei que é uma utopia, mas ignorar algo tão presente atualmente e que a maioria dos cidadãos passam é quase surreal.

Gente eu brisei muito escrevendo isso, então relevem se tiver algo sem sentido por favor, isso foi mais uma conversa só e coisas que eu penso, já que, normalmente eu não costumo falar muito ou comentar nas aulas o que eu acho e, se eu comento, é mais no particular. ENFIM, tirando todo esse pessimismo KKKKKKKKK espero de verdade que vocês tenham gostado e não me achado mais louca do que eu já sou.

Um beijinho pra vocês <3

Até a próxima!!