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Category: Religion and Philosophy

Um Conto de Jerusalém - Contos dos Grotescos e do Arabesco (Edgar Allan Poe)

Um Conto de Jerusalém

(1832)


Um vento de fumaça sobe dos muros de Jerusalém. Algo impuro se arrasta entre as pedras dos muros do templo — um porco gigante, sua monstruosa e aterrorizante, sua sombra já manchava o altar. Homens cingidos em suas armaduras com traços de batalhas passadas, gastas, erguendo morning stars contra inimigos sem nome, enquanto xequeis tintos de sangue rolam pelo chão. Alguém cedeu.


Alguém sempre cede. Isso não é uma guerra, é um ritual de queda. Neste lugar haja que, a fé tem gume de faca, e os incircuncisos não são só invasores — são espelhos! O que resta do sagrado quando o mesmo vira pó? Sem resposta: é mostrado.





Jerusalém representa a pureza, a fé, o ideal. Já o Porcão diabólico gigante é a corrupção, o instinto, a violência... Essa tensão entre o que devera ser e o que realmente é forma o cerne da história. A ideia de que “alguém sempre cede” revela a visão da humana, nua e crua. Não é sobre redenção, é sobre a inerente fragilidade aos homens. A queda? Não é acidental — é consequência.


O porco gigante mais que um inimigo, é a materialização do pecado - figura e literalmente? - uma presença que corrompe tudo. Não é só um invasor, mas a manifestação de algo que já estava lá, esperando para emergir. Sem heróis, só sobreviventes da linguagem. O conto não só diz, nem sussurra, nem esconde, ele denuncia: a invasão grotesca de Jerusalém, fora convocada. Cada imagem — do altar profanando o som de armas sem nome — é um eco de uma desconfortável verdade: a Cidade Santa jamais foi intocada. O que emerge do porco não são bestialidades, mas memórias. O horror não está na ruptura, mas no reconhecimento. É nós, leitores quem completa o sacrilégio.



Considerações Finais(DESABAFO!!!)




Ah, Jerusalém! Que conto é esse cara? Uma alegoria? Uma profecia? Pode também ser um sermão de massacre disfarçado? Confesso: Li. Reli o bendito conto. E, por TODAS as fúrias do abismo, não senti NADA — ok! senti o peso da obvia mensagem como um porco em um templo kkkkkkk.


“Alguém cedeu.” Claro que cedeu, até eu - ao sono, à preguiça, ou por favor um copo, uma grande taça de veneno bem servido. Me diz: Que diab*s me importa a queda de que nem os fantasmas de uma cidade simbólica podem me assustar? Cadê o terror íntimo, aquele delírio que arranha as paredes da minha alma? Aqui, só gente suada, um porco gigante e eu, lendo, sentada como uma trouxa - até idiota - me perguntando: “Por quê?”


Mas talvez… só talvezzz… a verdadeira heresia não esteja exatamente no conto. Esperei demais dele. A humanidade é assim... um rebanho de traidores, e o sagrado já deixou o recado na caixa postal. Mas e eu? Eu queria sangue nas paredes, não lições de moral em versos decassílabos.(Contos dele tão novinho, 23 anos imagina! Ainda não chegam aos pés das sensações de contos menos antigos.)


E se POE estava tendo um dia ruim - eu não ligo - que Belzebu carregue esse porco de volta para as profundezas - e feche a porta por dentro.


KARMILLE PEDE: CHECK THIS BOOK!





Editora: Literatura Clássica

Março, 2024

Idioma: Português


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