olá a todos que estão lendo isso! é meu primeiro blog então não tenho menor ideia do que escrever aqui www. no início, planejava em fazer um blog no tumblr, mas eu também não tive ideia de como escrever algo por lá (aquele aplicativo é todo esquisito) e aqui é relativamente melhor, portanto cá estou eu nesse belíssimo site. chamo-me mol e dedicarei esse primeiro post para resenhar sobre "A Morte de Ivan Ilitch", de Liev Tolstói. quando eu li a sinopse do livro, eu fiquei o namorando por muito tempo - eu li o início por pdf, mas esperei para comprá-lo e tê-lo em minhas mãos. quando eu recebi o produto em minhas mãos, eu fiquei tão alegre que eu devorei o livro em 3 horas. foi meu primeiro contato com Tolstói, então não falarei que "uau, foi o melhor livro que li!" - até porque o melhor, até agora, para mim, foi "Meu Pé de Laranja Lima".
quero avisar que essa resenha terá spoilers, então se você planeja ler Ivan Ilitch, retire-se por favor ^_^ não sou tão boa em resenhar, portanto peço desculpas se a leitura ficar maçante!
"A Morte de Ivan Ilitch" retrata a trajetória de vida do protagonista Ivan Ilitch até a sua morte, e vemos a enorme infelicidade que ocupava um enorme espaço em sua vida. Resumindo, Ivan veio de uma família comum, inscreveu-se na faculdade de Direito, teve um caso com Praskóvia Fiódorovna, criou dois filhos - uma mulher, Liza, e um homem, Vasya - e dedicou-se inteiramente ao trabalho. Na obra, vemos as desgraças que Ivan considerava como tais; considerava seu casamento e a gravidez sucessiva dos dois únicos filhos que sobreviveram após meses de vida dois completos erros, sua relação com Praskóvia era tóxica e péssima e só mantinha esses laços para não cogitar separação, e para evitar as brigas diárias com ela, ele trabalhava de um modo demasiado e consequentemente, afastou-se dos seus filhos. Ivan almejava crescer financeiramente e profissionalmente - com tantos profissionais da elite ao seu redor, ele desejava ser que nem eles e ter tudo do bom e do melhor. Na sua última mudança a trabalho, ele adoeceu por via desconhecida e lutava a cada dia com essa doença que lhe corroeu até a morte.
Ivan não imaginava se ceder para uma doença e nem que a morte chegaria para ele dessa forma. A cada dia era um novo tormento para seu psicológico e físico, desde as minúsculas dores físicas que sentia até o terror que a doença comecara a fazer em sua cabeça. Para ele, a morte foi cruel no início, mas um conforto no final. O desenvolvimento da sua angústia ao decorrer das páginas foi bem executada; vê-lo falando com seu eu interior e lhe fazendo pensar sobre o que é a morte, a forma que vivera até ali - se foi digna de ser chamada como “boa vida” -, seus pensamentos sobre sua filha e esposa por lhe culparem pela sua doença e, consequentemente, seu estado físico e mental, e, aos poucos, definhar-se ao seu destino final.
Percebemos, na obra, que todos os personagens são igualmente mente fechadas e egoístas; não se prestam ao papel de escutar e entender o próximo, e se colocam acima de tudo e todos. Dessa forma era Ivan, Praskóvia e Liza. Posteriormente, Ivan sentiu isso acontecer contigo, no momento que Liza pergunta se ela e sua mãe eram culpadas pelo estado que o seu pai se encontrava, pelo tanto de drama que ele fizera até ali, e quando lhe chegou a conclusão de que ninguém, além de Guerássim, o entendia, pois todos estavam ocupados com suas próprias convicções e amavam o iludir, falando que "ele iria ficar bem logo, e que o problema que havia dentro dele iria sumir conforme ia para o médico". Porém, na realidade, Ivan sabia que iria morrer. Ivan só queria receber um carinho e um beijo na testa, que nem quando uma criança se machuca e os adultos correm para ajudá-la, mas a realidade era mais cruel; havia de entender que era o seu destino final, e nenhuma pessoa iria confortá-lo. Ninguém queria acreditar que Ivan Ilitch morreria, portanto nenhuma ajuda lhe foi oferecida. Praskóvia, Liza, os inúmeros médicos que o consultaram; nenhum lhe falou que sua condição era delicada e que o levaria à morte.
“O caso não está no ceco, nem no rim, mas na vida e… na morte. Sim, a
vida existiu, mais eis que está indo embora, embora, e eu não posso
detê-la. Para que vou enganar-me? Não é evidente para todos, com exceção
de mim, que estou morrendo. (…) Existiu luz, e agora é a treva. (…) Eu
não existirei mais, o que existirá então? Não existirá nada. Onde
estarei então, quando não existir mais? Será realmente a morte? Não, não
quero”.
“Para eles, tanto faz, mas também eles hão de morrer. Bobalhões. Eu vou primeiro, eles depois; hão de passar pelo mesmo que eu.”
Ter se dedicado totalmente ao trabalho fez Ivan sentir, no final do livro, que não “viveu” corretamente - mas, o que seria “viver”? Ivan Ilitch acreditava ter vivido da forma que cogitava correta. Dedicou-se ao trabalho por Praskóvia, a mesma que lhe atormentava há 20 anos com inúmeras brigas. Para ele, tinha que viver para ser reconhecido profissionalmente e para sentir o poder em suas mãos. O poder que, se usado malignamente, poderia acabar com todos da sessão. Ivan sentiu que nada do que conquistou - o trabalho, a sua tamanha influência - valia a pena enquanto estava prestes a falecer. Ele se sentiu inútil. Ele acreditava que a morte não iria chegar tão rapidamente para ele; pensava que com os outros estava tudo bem isso ocorrer, mas para ele não. Veio-lhe a conclusão de que nada do que obtinha era real. Tudo era raso, a sua pessoa era puramente superficial. Suas relações eram superficiais - tudo em prol da soberba e negligência.
"Caio é humano, todos os humanos são mortais, logo Caio é mortal - parecia-lhe correto só em relação à Caio, mas nunca em relação a ele mesmo."
“E quanto mais longe da infância, quanto mais perto do presente, tanto
mais insignificantes e duvidosas as alegrias. (…) O matrimônio… tão
involuntário, e a decepção, o mau hálito da mulher, a sensualidade, o
fingimento! E aquele trabalho morto, e as preocupações de pecúnia. (…) E
quanto mais avançava a existência, mais morto era tudo. ‘Como se eu
caminhasse pausadamente, descendo a montanha, e imaginasse que a estava
subindo. Foi assim mesmo. Segundo a opinião pública, eu subia a
montanha, e na mesma medida a vida saía de mim… E agora, pronto,
morre!’.”
Em um mar de reminiscências, pensando que sua infância teria sido a melhor parte de sua vida, Ivan reconheceu que, em toda a sua vida, vivera da forma errada. Também reconheceu que, se morresse, o clima de agonia e tensão que existia na família devido ao seu estado, se esvairia. Logo, permitiu-se descansar após gritarem "Acabou!".
O livro, apesar dele ser bem curto, tem uma escrita muito boa e nos traz reflexões válidas sobre a morte - é uma obra que, embora tenha sido escrita no século 19, é bastante atual; as complicações entre o casal, a busca por status, fazendo com que sua vida seja um faz de conta dos pés à cabeça... tudo soa atual. Repensamos bastante sobre as nossas vidas e a forma de como as tratamos; você lê o sofrimento de Ivan e acaba por se identificar com alguma parte dele. É uma leitura dolorosa, mas que todos deveriam ler por retratar muito bem a vida de milhares de pessoas - essas que nem fazem a menor ideia que vivem a mesma situação de Ivan Ilitch.
espero que vocês tenham gostado ^+^ foi legal ter escrevido tudo isso! passei umas 3 horas refletindo e escrevendo wwww até a próxima!!
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