E se eu construísse um barco?

Sabe, eu às vezes me pergunto… pra onde eu tô indo?

Nasci pequeno, um fio d’água tímido, escorrendo entre pedras, sem saber direito o que era. Só ia. Me diziam que todo rio chega no mar, mas ninguém me explicou o caminho. Só falaram: "Corre."

E eu corri.

Já me espalhei em poças, já me joguei de cachoeiras sem pensar duas vezes. Já me perdi em curvas, dei voltas que não precisava dar. Já fui raso demais, quase sequei. Já transbordei e levei tudo junto.

E quer saber? Eu ainda não sei pra onde eu tô indo. Mas sigo. Porque parar não é uma opção.

No caminho, vejo gente tentando segurar a água com as mãos. Vejo gente construindo pontes, outras, jogando pedras. Tem quem só molhe os pés, tem quem mergulhe de cabeça. E tem aqueles que só olham, esperando que eu passe.

E eu passo. Sempre passo.

Porque no fim, a vida é isso, né? Um rio sem volta. A gente não sabe bem onde termina, mas continua correndo, porque é a única coisa 

que sabe fazer.

E se eu construísse um barco, e seguisse o rio? 

O mar me parece gigantesco pra não ser explorado...