Aqui Jaz um Anjo

"O nome do quarto é Penemue: Ele descobriu aos filhos dos homens amargura e doçura; apontou para eles todo o segredo de sua sabedoria." Ele ensinou os homens a entender a escrita e o uso de tinta e papel. Portanto, numerosos foram os que se perderam de todos os períodos do mundo até os dias de hoje. "Os homens não nasceram para isso... O conhecimento deles perecerá, e também o seu poder os consumirá" diziam os observadores a Penemue. Com caneta e tinta para duvidar de sua fé, curados da ignorância e absortos na ideia do livro arbítrio, transgrediram. Como não foram criados, como os anjos, que podem permanecer justos e puros, distanciaram-se da salvação. Uma vez que nem a morte, que destrói tudo, os teria afetado no reino do Senhor, agora afundados no profano, tornam-se semelhantes ao precursor da queda.

Jamais causou dor ou trouxe maus ensinamentos aos humanos. Pelo contrário, deu-lhes sabedoria; esta que os destruiu, afinal, juntamente do poder de conhecer e pensar, vieram dúvidas pairando em suas mentes, as quais tão nubladas de incertezas e desafiadas por tudo aquilo que agora já não era mais tão simples, tomava-os em probabilidades as quais fizeram com que se afogassem em seus pecados.

Nunca havia sido Penemue que induziria, mas sim seu conhecimento e livre arbítrio. Livre arbítrio, cuja existência passou também a ser duvidosa, como o amor pelos humanos...

Agora, capazes de pensar por si, os homens que antes viviam em prol do amor divino hesitavam, duvidavam e desacreditavam da sua bondade, de seu Deus. Poderia lhes dizer que nada que ocorresse após os ensinamentos do anjo seria dado como sua culpa. Sua solene existência foi dita como pura, eternamente justa. Teria sido então um ato inocente pensar que, ao trazer para o homem o poder do saber, jamais cogitaria que tais ensinamentos fariam com que duvidassem de seu Senhor?

Por outro lado, não havia diferencial com os demais anjos caídos; todos seguiram, por vontade própria, Lúcifer. Faria dele, agora com esta perspectiva, tão sujo quanto?

Em sua defesa, nunca dissera que havia propositalmente trazido o conhecimento ao homem para que assim fosse aberto um buraco entre sua fé e seu Deus. Não havia ensinado-lhes proezas, como Azazyel que ensinou aos mortais como manusear e criar. Armas para que guerreassem entre si ou Gadrel que ensinou aos anjos como utilizá-las suas. Espadas. Entretanto, sucessivamente ensinou aos humanos algo cuja consequência permitiu que nutrissem demasiado conhecimento e dúvidas, afastando-os do supremo ser celestial.