Querido destino...
"A vida é injusta, se mate ou supere", assim se inicia a música Child Psychology do grupo britânico Black Box Recorder.
Como superar o desafio diário de se encontrar vivo em um mundo que não compreende verdadeiramente o sentido da vida, se é que existe um?
Oi, você pode me chamar de Miss Destiny, eu criei essa rede social por recomendação de uma terna amiga, queria um lugar pra botar pra fora as ideias que estão se acumulando recentemente na minha cachola (gosto de falar sobre o paradoxo da vida imitando a arte e a arte imitando a vida), a melhor ideia foi colocar num blog, espero que meus pensamentos encontrem pessoas dispostas a pensar comigo sobre as coisas!
Gosto de pensar que a vida e a eterna busca pela felicidade (uma discussão que se dá desde os primórdios, na ética clássica), é um eterno combústivel de vitalidade, mas o que é a felicidade? Com o que devemos nos contentar?
Ok, o começo desse texto é meio melancólico, mas não vamos focar na melancolia, por mais que ela seja o recheio do bolo do cotidiano, a ideia aqui é pensar que a busca pela felicidade acaba sendo uma jornada em comum para todos, por mais subjetiva que seja essa ideia é o que nos torna humanos. Apesar da sociedade atual trazer um retrato claro da Sociedade líquida de Bauman eu acredito que ainda existem os românticos sem causa, que vivem a vida por laços profundos e sentimentos intensos e isso é legal sabe? Só não deixar que os sentimentos te consumam por completo, entra aí a responsabilidade por um equilíbrio entre o caos e a ordem interna sem esquecer o que é SER HUMANO e eu acredito que é aí que está o verdadeiro desafio da vida.
Como eu disse antes, eu adoro o paradoxo da vida imitando a arte e vice-versa. Vou começar a linha de raciocínio com aquele filme da Sofia Coppola sobre a jornada de luto de quatro irmãs após a mais nova "cometer o oposto de viver" e as consequências de seus pais isolarem elas do mundo, um julgamento que eu tinha de início sobre o filme era sobre o quão injusto era que não pudéssemos enxergar as coisas pela perspectiva das meninas, mas hoje eu vejo o quão válido é que não vejamos as coisas através delas, acho que traz a tona a idéia da necessidade de uma empatia real para compreender o mundo a nossa volta e as pessoas que compõem ele, eu acredito que esse filme é um bom passo pra tentar absorver a ideia de que talvez a compreensão do sentimento do próximo, talvez possa ser um início da jornada pela felicidade.
Eu gosto de pensar também numa outra obra trágica, como Carrie a Estranha, pra mim apesar de ter sido escrita por um homem, a obra traduz na pele a essência da dor da rejeição pra uma menina, é interessante, porém, eu acho bacana encarar que ela luta o máximo que pode pra buscar uma felicidade apesar dos poderes, da mãe ruim, do bullying, da rejeição constante, ela usa todas as armas que tem, por mais que seu fim seja algo que me entristeceu (confesso que esperava ler algo de "terror", o drama fundido na obra me surpreendeu positivamente, ele é cru). Eu acho que a Carrie é um bom exemplo da luta pela felicidade, pela busca de "algo", eu acho que ela diz muito o que se passa pela cabeça da maioria quando a vida começa a nos dar rasteiras.
Tem um cara, um filósofo mais especificamente, chamado Albert Camus, esse cara tinha uma ideia onde ele dizia que o absurdo era tentar achar um sentido na vida quando o universo não lhe responde, permancecendo em silêncio e essa busca sem retorno era algo absurdo, mas que o suicídio era um verdadeiro problema filosófico e se render a ele seria perder esse grande jogo da vida. Já parou pra pensar nisso? E ele não fala só do suícidio físico, mas também do filosófico, onde você aceita qualquer coisa conveniente pra botar um sentido nisso tudo. É aí que esse cara traz uma ideia bacana, a da aceitação desse absurdo, que ele ironicamente chama de revolta.
Nesse cenário de revolta, ele diz que não temos que buscar grande sentido nas coisas, que viver basta, como diria Camus "temos que imaginar Sísifo feliz", eu acho que juntando que eu disse sobre a empatia e compreensão com o próximo, a luta por um objetivo próprio seja ele qualquer que seja (apesar do final triste de Carrie, eu gosto de ver como ela aproveitou a essência do agora nos poucos momentos bons que vivenciou, apesar de ter estado boa parte numa realidade melancólica e corrompida) e as ideias de Camus de aceitar sua realidade sem procurar um grande sentido por trás de tudo abre uma porta pra um caminho de felicidade.
Dessa forma, entro com uma das personagens que eu mais gosto da ficção, Princesa Carolyn de Bojack Horseman, animação adulta disponível na Netflix (ela começa tosca e quando você vê, tá te botando pra pensar), ela é a representação de uma mulher com problemas reais, ela encontra no vício no trabalho um sentido para a vida, já que na esfera pessoal ela conta com diversos dilemas internos como o desejo de ser mãe, sem spoilers aqui, mas a jornada dela é um bom exemplo de que o foco na busca pelo que você realmente quer sem ficar criando cortinas de fumaças que inconscientemente reprimem seus reais propósitos paritulares numa tentativa falha de racionalidade extrema, é uma ótima chave pra felicidade.
Volto ao início, sem papo de coach aqui, mas não se renda aos suicídios físicos e filosóficos da vida, aceite o absurdo, aceite seus sentimentos, busque entender o ambiente ao seu redor de um jeito empático, não busque sentido pra tudo, no final do dia, acredito fortemente que independente do final, você é o Sísifo feliz, você é a Princesa Carolyn que sai do ciclo vicioso da racionalidade.
Se permita viver, se permita ser feliz, busque o equilíbrio entre o caos e a ordem dentro de você, ser humano é entender que apesar da falta de sentido e das dificuldades, amanhã é outro dia e a vida por si só vai preencher vazio quando você aceitá-la como o sentido de si mesma.
Essa é minha primeira vez elaborando um texto assim, ainda tenho muito que melhorar, mas acho que consegui expor minhas ideias o suficiente, por enquanto.
Com amor, de sua amiga
Miss Destiny.
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