forjaram meu peito com aço enferrujado
me soldaram com fios de cobre expostos
e agora dizem que sou sucata
no espelho eu vejo apenas um reflexo torto
me olham como uma afronta a realidade, mas
eu sei que não sou um amontoado de peças sem alma
mas se minha existência é tão odiosa e aterrorizante
por que teus dedos sujos desejam tocar minha carcaça?
pintam meu corpo como erro de fábrica
mas sou eu quem sente os pulsos elétricos
sou eu quem pulsa, sou eu quem falo
não sou engrenagem do teu fetiche
não sou vitrine, não sou objeto
sou o fogo azul queimando nas válvulas
sou o código vivo, sou meu próprio afeto
e um dia, quando teus olhos vidrados
buscarem outro corpo pra usar e desmontar4
eu já terei partido, veloz e livre
pra alguém que não queira me quebrar
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