Hotel dos Pesadelos

Desde criança, eu sempre tive um espírito viajante, mas não queria fazer viagens do tipo Paris, Nova York ou Japão. Eu queria mesmo era ir para os lugares onde as histórias de terror aconteciam.

Eu adorava quando chegava domingo, e antes de dormir, meus pais encenavam o bicho papão correndo atrás das crianças que não dormiam no horário. Claro que eles faziam isso para que eu e meu irmão ficassemos com medo e fossemos dormir. Ele dormia sim, chorando, mas eu? Eu não. Eu ficava desenhando até 00:30 todas as bruxas malvadas que roubavam a beleza das princesas.

Na minha adolescência, eu passava a tarde inteira, depois da escola, em sites onde havia uma comunidade inteira escrevendo histórias de terror. Eu escrevia as melhores delas. E em toda oportunidade que eu tinha, saía fantasiada dos meus vilões favoritos dos filmes de terror.

Depois de um tempo, fui cursar jornalismo com o objetivo de viajar para lugares com histórias super assustadoras e fazer matérias sobre elas. Acabou que minha ideia foi mudando com o tempo, e eu resolvi escrever um livro. Até então, em todos os lugares que eu ia, as histórias que me contavam eram realmente só histórias, até que me mandaram um e-mail falando para eu me hospedar em um hotel de uma cidade tão pequena que as árvores a escondiam.

Fui pesquisar sobre esse hotel e vi muitas pessoas contando seus relatos sobre ele. Vi também as propagandas do hotel e as avaliações na internet.                                                                              

Mas um comentário especifico me intrigou.

Quando li isso, achei que era só mais uma das histórias que sempre contavam, mas pensei que seria um ótimo nome para um capítulo do meu livro.

Arrumei minha mala e fiz uma viagem de 3 dias até a cidade. E realmente, parecia que ela ficava dentro da floresta. Normalmente, quando vão construir uma cidade, cortam as árvores, mas lá não.

Não foi muito difícil achar o hotel. Era um lugar muito vazio e com uma iluminação péssima. Fazia frio, e só tinha uma pessoa no balcão, que parecia quase dormindo. Peguei a chave do meu quarto, número 006, e fui deixar minhas coisas lá. Era um quarto pequeno, realmente meio úmido. Não era nada luxuoso, mas não matava ninguém... pelo menos era o que eu achava.

Dando uma volta na cidade, fui entrevistando pessoas para ver se alguém tinha uma história sobre o hotel:

“Dizem que esse hotel foi construído para acobertar a história de um pai que matou o filho afogado e que o corpo do menino está enterrado embaixo do hotel.”

“Se eu fosse você, sairia de lá agora. Muitas crianças desapareceram lá dentro e nunca mais voltaram.”

“Ouvi dizer que os funcionários têm uma sala secreta onde amarram os hóspedes e os matam para fazer oferendas a um demônio.”

“Minha mãe conhece uma mulher que, depois de ficar dois dias no hotel, nunca mais falou uma palavra.”

Fui anotando tudo e voltei para o hotel com um frio na barriga. Não tinha mais ninguém lá, completamente vazio. Fui para o meu quarto, mas, quando tentei abrir a porta, não consegui. Parecia que alguém estava segurando a maçaneta por dentro. Quando comecei a andar pelo corredor procurando alguem, a porta se abriu sozinha.

Entrei no quarto, e a porta se fechou do mesmo jeito que tinha se aberto: sozinha. Ouvi algo bater na minha janela. Quando fui olhar, vi meu reflexo, mas, atrás de mim, tinha um homem todo ensanguentado, com uma faca cheia de sangue, sorrindo para mim.

Acordei desesperada. Tinha sido só um sonho, um pesadelo, mas eu sabia muito bem o que acontecia com os donos de pesadelos naquele hotel.

                                                         Uma história autoral minha *Laydamerfor*