Ebolição solitária - 31/01/2025

O mundo parece estar acabando, mas às vezes não parece que ele ainda terá muito tempo. No meu trabalho, eu paro muitas vezes e sento-me na entrada da loja, numa poltrona de couro e madeira que algum artista assinou. Eu sinto o calor extremo e o vento muito forte e, de alguma forma, me sinto confortável, como se esse tempo sempre tivesse sido assim climaticamente.

Eu não falo muito sobre minhas teorias de ebulição global e o fim do mundo por questões climáticas que podem ocorrer daqui a quatro ou três anos. No entanto, se eu tivesse uma oportunidade de conversar com outras pessoas sobre isso, talvez eu não tivesse tanta certeza no fim do mundo.

Eu não sei se isso me deixa feliz ou triste. Afinal, a vida é uma maravilha para pessoas como eu, mas é uma desgraça para a maioria das outras pessoas. Eu tenho muito medo que minha irmã cresça nesse mundo, mas, por algum motivo, ainda tenho muito mais medo de que não haja um mundo para ela crescer.

As experiências humanas são individuais, por mais que às vezes possam ser comparadas. Eu acredito que cada pessoa, na sua própria vivência, tem algo maravilhoso para si, no prazer das pequenas coisas. Eu tenho várias obsessões, e a maioria delas é sobre observar ou sentir coisas. Assim como eu amo insetos, contato físico, música, literatura e todo tipo de arte, eu acredito que alguém também pode sentir essas pequenas coisas e esse arrepio sempre que encosto nas cordas de aço de um violão.

Não posso ser o único que sente isso na cadeira do trabalho, pensando no fim do mundo. Eu não posso ser a única criança que planejou morrer cedo e agora tem medo de não sobreviver por perder seu lar. Eu não quero ser a única.