27/01/25

Tenho medo de escrever. Tenho medo de derramar pensamentos terríveis em uma folha de papel tão pura. Sinto medo de deixar estes pensamentos saírem da segurança da minha cabeça e assim tornar o mundo um lugar pior. Eu estou olhando para baixo, brincando com o que há em minha mesa. Eu sei exatamente o que está me incomodando e estou tentando meu máximo para desviar disso. 

Bem, uma coisa leva a outra. Escolher as palavras já está me deixando com vontade de chorar. 

Dia 25 (sexta): "Vou começar a me vestir como padre p gente esquisita parar de vir p cima de mim. a ainda a disforia hoje ó 👎 sabia que estava bonita porém foi extremamente desconfortável. não sei me ver de um jeito que não me faça um objeto.

Eu não sei porque deixo tirarem foto de mim eu não sei porque deixo tirarem proveito de mim não sei porque eu deixo terem meu contato eu não sei porque deixo tocarem em mim eu não sei porque eu deixo fazerem comentários sexuais de mim. toda vez que eu me arrumo me sinto um objeto.

Eu queria ir para um lado mais masc porém eu não consigo me tirar do feminino porque sinto que é para a única coisa que sirvo. me faz me sentir completa e útil para depois me deixar um buraco enorme"

minha mãe diz que eu deveria ser grata pela atenção. ela me faz sentir como um objeto para outros apreciarem. devorarem. não era para ser assim. 

Minha mãe não para de fazer comentários sexuais para mim. sempre me arrumando para os outros.

eu tentei o uniforme masculino. ela detestou e me chamou de nomes feios. eu só queria por favor sair um pouco do palco. eu cansei eu cansei. eu comprei alguns itens masculinos e uma fita p seio e sei que ela vai detestar e ficar fazendo piada. eu só quero fugir. eu só quero descansar. disforia sempre vem com assédio e essa voz vem gritando muito alto na minha cabeça. disforia. estou me sentindo nojento em minhas roupas.

me inspiro imensuravelmente em lésbicas (butches) dos anos 60. uma masculinidade forjada no respeito. uma masculinidade que não ofende, que não oprime. cuidado, homem, esta sapata aqui está tratando sua namorada melhor que você. acho tudo que é esquisito bonito. masculinidade em mulheres. delícia. quero que minha existência levante debate. me perguntaram no webfishing se eu era mtf ou ftm e nossa que felicidade responder butch. ficarem olhando p mim pensando que eu quero ser homem mas na verdade eu só ser a maior sapata que há. pensar nisso me deixa boba: por querer ser e querer conhecer alguém assim. ui. ai. KKKKKKKKKKK ai meu deus. quando mulheres são homens e homens são mulheres 🫣. o legal de ser queer e não me classificar é ter a liberdade (e diversão!) de brincar entre essas linhas homem/mulher. explorar. mas aí cê me vê e eu não passo muito essa imagem e isso tem me incomodado muito. eu quero piercing eu quero raspar os lados minha mãe me da uma surra se eu não raspar minha plumagem eu estou começando a fazer bordados e patches meio punk assim aaaaaaaaaa meu deus. "espero que isso te radicalize ao invés de te amedrontar" minha reação ao estado atual do mundo e repressão: soltar a bicha dentro de mim 🤤🤤🤤🤤🤤 comecei a imitar linguagem corporal masculina e muleque. que conforto. que confiança. me sinto tão sapata. ui, ai. chego a sorrir pro monitor agora.

vou parar antes que eu me explane. é isso piquituchos. é muito importante e confortante para mim deixar registros. é mais para eu mesma no futuro ter algo a se basear e falar "mmmmmmmmmmmmmmm então é issooooooooo". eu gosto

:3

ESTOU MUITO ESSA CARINHA HOJE!!!! disforia *beatbox*