16/12/2024 Liberdade em Sangue

               Liberdade em Sangue

Na calada da noite, vou até a cozinha e pego um martelo, segurando-o com as duas mãos, tentando criar coragem. Entro no seu quarto e me aproximo lentamente do seu lado. Observo seu rosto, tranquilo em um sono profundo, sem remorso, sem angústia, sem arrependimentos. Mas quando olho além, para sua alma, tudo muda. Ela está suja, como se uma escuridão negra escorresse por todo o seu corpo, envolvendo seu rosto, descendo pelo pescoço, peito, braços, cintura, pernas e pés.

Sua alma é tão imunda quanto um esgoto, tão suja quanto os segredos nas estradas escuras da cidade. Suas ações são manifestações de ódio e raiva. E enquanto você dorme em paz, suas vítimas passam semanas sem descanso, apavoradas, temendo o momento em que você se aproximará novamente para machucá-las. Mas isso não pode continuar; eu não vou deixar que continue. Você se desculpa e diz que não acontecerá novamente, mas repete os mesmos erros, e mais uma vez isso se torna rotina. Acostumadas aos maus-tratos e sem forças para se libertar, elas dizem: "Ele é assim; eu que sou difícil." Convencem-se de que a culpa é delas, que merecem a dor que vivem.Poucas tentaram enfrentá-lo, e as que tentaram foram humilhadas.

A podridão de sua alma escapa pelos teus lábios enquanto projeta palavras de ira, palavras pobres e nojentas, que nos conduzem ao mínimo, como se não fôssemos nada, menores que um inseto, menores que uma bactéria, menores que a poeira que enche os cantos de sua casa. Sua escuridão preenche todos os cantos do local, indo da superfície do chão até o teto, não deixando espaço para o ar. O ar que respiramos desaparece, e nós nos afogamos em todo o seu vazio.

Esgotada de suas desgraças, fecho os olhos e levanto o martelo que carrego nas mãos acima de sua cabeça, acertando-o em cheio com toda a força que me resta. Levanto-o novamente e o acerto outra vez, e mais uma vez, mais de 10, 20 vezes, para ter certeza de que não irá mais respirar. A cada golpe, sinto o peso da dor que carreguei nos ombros por tanto tempo se dissipando, como se cada impacto fosse uma libertação.

Os ecos do martelo contra a carne e os ossos soam em minha mente, como uma sinfonia de vingança. A raiva que antes me consumia agora se transforma em alegria. Meu corpo começa a ficar leve; todas as noites em claro, todas as lágrimas derramadas, todas as dores pelo corpo, todas as feridas, tudo parece desaparecer. Apesar de cometer tal ato mórbido, abro os olhos com um sorriso no rosto, um sorriso de orelha a orelha. Olho para seu rosto completamente desfigurado e largo o martelo no chão, quebrando o silêncio pesado no quarto. Independente das consequências de meus atos, eu estava livre; nós estávamos livres.

Signed:@cyblex


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