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Category: Religion and Philosophy

(In)felicidade?

OIII gente, bom hoje eu vou escrever um pouco sobre nosso querido otimista Arthur Schopenhauer!!! Um grande filósofo que tem uma visão ótima sobre a vida(ironia) e mais simpático que ele impossível. Enfim, vou dar uma breve introdução sobre o pensamento dele e algumas pesquisas que eu fiz sobre a Vontade de viver que ele acredita que o ser humano possui. Tenham uma boa leitura!


Quem foi Arthur Schopenhauer?


O filósofo nasceu em 22 de fevereiro de 1788, pouco antes da eclosão da Revolução Francesa. Filho do rico comerciante Heinrich Floris Schopenhauer e de Johanna Troseiner. Seu pai queria torná-lo um comerciante e o fez empreender-se numa viagem pela por onde teve a oportunidade de obter uma visão geral do sentimento no qual estava inserida a Europa, continente certamente sem horizontes diante do fracasso da Revolução Francesa, ou seja, da derrota dos ideais de igualdade, fraternidade e justiça. 


A observação desta realidade levou-o a crer que o mundo é sofrimento e que a alegria é constituída por momentos passageiros. Após mudar-se com sua família para Hamburgo em 1804, seu pai morreu, fato que lhe causou grande impacto. Sua mãe mudou-se com sua irmã Adele para Weimar, onde abriu um salão artístico e intelectual frequentado por muitos luminares da época. Arthur já não mantinha boas relações com a mesma, após uma discussão entre os dois, ele afirmou que ela um dia seria conhecida mediante o nome dele.


Em 1809, depois de abandonar os estudos comerciais, ingressou na universidade de Göttinger, no curso de medicina, mas logo após seis meses transfere-se para o curso de filosofia, onde é influenciado por Gotthold Ernst Schulze a estudar Platão e Kant e por Freidrich Majer a ler os Upanixades hindus, cujas teorias filosóficas e religiosa serão grandes influenciadoras de seu pensamento. Neste tempo, em 1813, eclode a guerra da França contra a Rússia e todo este contexto histórico o molda e contribui na formulação de seu pensamento filosófico sobre a vida, o mundo e a felicidade. 


Em 1820, começa a lecionar na Universidade de Berlim, mesma universidade onde lecionava Hegel, filósofo famoso na época e com quem Schopenhauer fazia questão de confrontar seu sistema filosófico. Devido a essa dissonância com Hegel, arriscou-se a marcar suas aulas no mesmo horário em que Hegel lecionava as suas. E o resultado, foi ele constantemente falando para cadeiras vazias, enquanto as salas do outro professor estavam sempre lotadas. 


Após uma década de uma certa improdutividade Schopenhauer resolvendo mudar-se chega a Frankfurt, onde passaria o restante de sua vida. Exclusivamente dedicado à reflexão filosófica, pois não necessitava trabalhar já que herdara do pai o suficiente para viver modestamente o resto de sua vida. Entretanto, no dia 21 de setembro de 1860, sentou-se sozinho para o café da manhã, aparentemente bem. Uma hora depois, sua senhoria o encontrou ainda sentado à mesa, morto, aos 72 anos de idade, após um colapso pulmonar.



A felicidade

Schopenhauer pensa na busca humana da felicidade com um duplo ponto de vista: como a expressão tanto do principal erro e ilusão do ser humano como da base de sua existência.  Nas primeiras palavras do Capítulo 49 – O Caminho da Salvação, esta aparente ambigüidade salta à vista – como no trecho: “Há apenas um erro inato, e este é o de que nós existimos para sermos felizes. Ele é inato em nós porque coincide com a nossa própria existência e porque, de fato, todo nosso ser é apenas a sua paráfrase, assim como nosso corpo é o seu monograma: nós somos justamente Vontade de viver”


Assim, Schopenhauer define a noção da felicidade como a “satisfação sucessiva de todo o nosso querer” e afirma que a tendência a ela, por um lado, coincide completamente com a nossa existência – cuja essência é a Vontade de viver – mas por outro, é revelada pela experiência como o nosso maior erro e desilusão. Ele defende uma visão dualista dos atos fundamentais da essência do ser humano, a Vontade. Em outras palavras, que se entende que a vida humana possui o caráter “estranho e ambíguo” de ter em seu âmago dois propósitos fundamentais diametralmente opostos: o que busca cegamente a felicidade e o que ensina de modo fatídico e mortificador que ela inexiste.


“Enquanto nós persistimos neste erro, e ainda por cima corroboramo-lo com dogmas otimistas, o mundo nos parece cheio de contradições.”

 - Schopenhauer


Segundo o filósofo, o ser humano é “querer concreto, necessidade absoluta, concretização de milhares de necessidades”. Contudo, quando a sua milagrosa existência é momentaneamente protegida dos perigos, conservada e assegurada, as pessoas “não sabem o que fazer com ela”, e são assaltadas, portanto, pelo “empenho em livrar-se do lastro da existência, torná-la não sensível, ‘matar o tempo’, isto é, escapar do tédio”. Com base nisso, o filósofo afirma que a vontade humana oscila como um pêndulo, entre estes dois “componentes básicos”: a dor e o tédio. Por conseguinte, o anseio humano pela “satisfação sucessiva de todo o querer” – a saber, pela “felicidade” – significa, na “prática”, a busca da menor quantidade possível de dor e tédio; isto é, da fronteira média, do instante passageiro entre estes dois pólos da vontade.


Resumidamente, a felicidade é volátil e, desta perspectiva, o que Schopenhauer defende é que a felicidade e o prazer não podem apresentar-se por si sós e originariamente, pois devem sempre ser a libertação de um desejo, de uma carência, uma necessidade ou mesmo do “mortífero tédio”. Neste sentido, a felicidade e o prazer são negativos, enquanto que o desejo, a dor, o vazio e o tédio são originais e positivos. O filósofo acredita confirmar esta tese nos seguintes fenômenos psicológicos: Nós sentimos dor, mas não sentimos a falta de dor; sentimos a preocupação, mas não a falta de preocupação; sentimos o medo, mas não a segurança. 


“O que nos torna felizes ou infelizes não é o que as coisas são objetivas e realmente, mas o que são para nós, em nossa concepção.”

- Schopenhauer



Como ser feliz? - Para Schopenhauer


Como já se foi mencionado anteriormente, a Vontade é a origem de todo sofrimento. A redenção, portanto, nada mais é do que superar esta Vontade aqui entendida como vontade de vida e isto é entendido pelo filósofo como o olhar para além do principium individuationis, ou seja, ultrapassar as formas normais do nosso conhecimento abstrato pelo conhecimento denominado de intuitivo e puro.


Arthur Schopenhauer abre uma fresta em seu tratado filosófico quando propõe formas de libertação para a cadeia de sofrimento na qual a vida do homem está inserida. Em outras palavras, nesta vida oscilante entre a dor e o tédio, marcada por um sofrimento enorme, já que jamais conseguiremos alcançar tudo o que queremos, há uma libertação: anular a Vontade que grita dentro de nós.



“Para a maioria dos homens a vida não é outra coisa senão um combate perpétuo pela própria existência, que ao final será derrotada.”

- Schopenhauer


A maneira de conseguir anular essa vontade é com o conhecimento. O conhecimento aqui é entendido como puro conhecer, ou seja, aquele que permanece alheio a todo querer, que nos transforma em “espectadores tranquilos” diante da Vontade. E, para subordinar inteiramente a Vontade, percorremos três etapas: a libertação estética, a libertação ética e a libertação ascética.


Na libertação estética, há o desapego da vontade individual, pois, o homem transcende para contemplar o mundo através das diversas expressões artísticas. Na libertação ética, são o egoísmo e a vontade de vida que são mortificados a fim de destruir a individuação. Na libertação ascética, o homem se torna indiferente a tudo, “morrendo” para a vida. A ascese é praticada para completar a redenção por meio da castidade, da pobreza, do conformismo e do sacrifício.



Conclusão


Em suma, a filosofia voluntarista pessimista de Schopenhauer surge motivada como reação ao idealismo otimista de Leibniz e ao racionalismo exacerbado de Hegel. Ele vê a vida como uma luta perdida e lutar pela felicidade é algo idealizado, portanto, inalcançável. Permanecendo nesse estado de insatisfação constante e sofrimento, o indivíduo se encontra num presente perpétuo e  incapaz de fugir. Portanto, o otimismo prático é, pois, já pressuposto no próprio conceito de conhecimento intuitivo, pois este dá ao indivíduo a capacidade de ver o mundo como ele realmente é, sem o princípio de individuação, sem fazer distinção entre o seu estado de vida e a dos demais seres dominados pela Vontade e, deste modo, providenciar em sua vida a negação desta Vontade de viver. Esta negação é o abafamento da Vontade, libertando a pessoa dos desejos e consequentemente, do sofrimento que é por aqueles gerados.




Bom, basicamente é isso, resumo do resumo do resumo de Schopenhauer. Isso ainda é um conceito muito básico que pode sim ser aprofundado, porém, com essas informações já é possível entender-se mais o que o filósofo pensa sobre a vida e a felicidade. Espero que vocês tenham gostado!


(coloquei no fundo uma "playlist para você estudar como o Schopenhauer na busca da essência da Vontade", esse é o nome do vídeo do youtubeKKKKKKKKKKKKKK)


Obrigada pela atenção!!

Até a próxima;)



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