Cigarro
É como um cigarro entre os meus dedos,
um alívio em tragos que arranharam o peito.
Um vício aceso na ponta dos desejos,
mas a cada sopro, eu cedo e te aceito.
Tu me consome num ritmo lento,
a fumaça envolve, macia e cruel.
Teus gestos são brasa, queimando por dentro,
e eu, cego e frágil, deixo-me ao léu.
Em cada trago, eu perco em nós dois,
num doce torpor que traz teu veneno.
Sou presa ao vício de procurar-te depois,
mesmo que isso me leve ao terreno.
Sabendo que ao menos me consome e te aceita,
a cada suspiro, fundo mais fundo,
no cinza da névoa que afaga e é malfeita,
é chama e tormento, meu vício sem mundo.
Comments
Displaying 0 of 0 comments ( View all | Add Comment )