Ouvi falar do homem
Que foi para a cama com um uísque.
Ouvi-o no andar de baixo.
Os sons a noite toda.
Se não o conhecesse achava que
Era de um bonito amor que se tratava.
Se não me fossem familiares os sons
Diria que tinha sido a primeira vez,
Como nos romances, só com um.
Sou invisível e imaterial.
Passo pelas paredes,
Interrompendo-lhes pelas vidas.
Sou bisbilhoteiro, as conversas alheias
São só apreciadas de forma intormetida.
Ouvi ontem um homem,
Trôpego e macilento do vinho,
Do gin, da vodka com que dorme.
E no entanto não acho que sequer pregue o olho.
Teria pena se não me visse nessas ações.
Era tudo bom se ele fosse o coitado
E a excessão, o desolado,
E eu lá fosse, armando-me em em todo bom,
Com as comiserações do mundo.
Mas não.
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