Envelhecer

Quarta feira eu fui com a minha vó comprar uma impressora para mim. Meu tio tinha levado a que eu usava, já que foi um presente que ele ganhou. Enfim, no caminho, a gente passou por um banco, o Banco do Brasil, e, quando eu vi, uma velhinha estava caida no chão, e duas pessoas estavam ajudando ela. Uma moça que tinha, sei la, 25, 30 anos, e outro senhor. Eu não sei se eles estavam juntos, mas eu falei para a minha vo que a senhorinha tinha caido, e a gente foi lá ajudar também.

A moça tinha pedido um pedaço de papel, e, quando eu fui ver, a senhorinha tinha machucado o nariz, estava todo vermelho e sangrando tambem. Mas o pior foi que parecia que ela nem tinha caido. Quando ela estava no chão, ela nem se mexia. As duas pessoas ajudaram ela a se levantar, e, quando ela ficou de pé, não falava nada, o máximo que fazia era olhar para os lados bem devagar. Quando pediram o papel, colocaram no nariz dela, e ela simplesmente não teve reação nenhuma. Eu não sei o que aconteceu depois, porque eu e minha vo fomos embora.

Quando a gente comprou a impressora e voltou para casa, passamos pelo banco de novo, e minha vo falou uma coisa que me deixou bastante pensativa:

— Olha, Aninha, eu sempre oro a Deus para que eu envelheça e chegue até os 90 anos, mas eu so quero chegar la se for com saúde, porque, se não, nem vale a pena.

E é o que todos querem, né? Mas não é uma coisa que a gente escolhe. E pensar que aquela senhorinha já teve uma vida inteira... Ela já foi um bebe, já foi uma criança, uma adolescente, uma adulta, já brincou, já se apaixonou, já teve algum trabalho um dia, provavelmente tem filhos e já viveu muitas histórias.

Eu acabei de fazer 17 anos, fiz no dia 27 do mes passado, e, no dia 31, comemorei meu aniversário com meus amigos. Ganhei um salto alto de presente. Eu nem sei andar de salto, tanto que, quando eu estava descendo as escadas, levei o maior tombo. Mas foi engraçado. Eu ri e os dois amigos que estavam comigo riram também. Só quando fui tomar banho percebi que tinha ralado meu pé inteiro. O que eu quero dizer é que ainda tenho uma vida inteira pela frente, ainda vou passar por muitas coisas e vou ter muitas histórias para contar, mas não consigo me imaginar caindo e as pessoas precisando me ajudar porque eu não consigo levantar sozinha.

Quando eu era criança, vivia pensando em como queria crescer logo. Hoje, adolescente, eu vivo pensando em como fazer para voltar no tempo e não crescer nunca mais.