Estava lendo alguns posts meus e percebi que eu constantemente uso a metáfora de “tirar o coelho da cartola” para me referir à filosofia de maneira que a mesma seja capaz de mudar e mostrar o mundo para as pessoas. Isso me incomodou um pouco. Pode ser chato para você, leitor, mas para mim, filosofia e essa metáfora em específico são tudo.
Veja bem, esse dito eu vi quando li um livro incrível chamado “O Mundo de Sofia” no 9∘ ano. Eu posso dizer que com toda certeza essa obra escrita por Jostein Gaarder mudou minha vida por completo. Eu mesma me considero o burro coelho que o mágico filósofo arrancou da cartola enquanto gritava: “Chega de ser iludido pelo sistema! Vamos voltar a questionar!”.
De vez em quando fico pensando se as pessoas sabem o quanto afetam a vida umas das outras porque sinceramente, tanta gente foi responsável por formar o que eu sou hoje que eu gostaria de agradecer algumas construindo um templo grego para elas e outras eu desejo mais do que queimá-las em um barril de gasolina. Se eu não tivesse lido esse livro, se eu não tivesse pedido a recomendação de um livro sobre filosofia, o que seria de mim agora? Eu continuaria com más pessoas ao meu lado, eu não pensaria por mim mesma. E veja só, que terrível, eu com certeza não teria um intelectual favorito! O Bourdieu iria perder uma grande fã (embora ele tecnicamente perdeu porque ele já está morto).
A Filosofia fez por mim o que eu e mais ninguém pode fazer. É inexplicável o prazer de filosofar. Pareço aquelas pessoas chatas que tentam ser cult dizendo que veem filmes em preto e branco que são muito chatos só para parecerem inteligentes (odeio Casablanca) ou que admiram arte contemporânea só para tentarem mostrar superioridade aos outros (é a coisa mais idiota do mundo, odeio pinturas e desenhos contemporâneos, pra mim são bobos), mas é a realidade. Eu não tento parecer mais inteligente do que eu sou e vou ser modesta, acho que tenho uma inteligência razoável suficiente para formar pensamento e me expressar de maneira convincente. Meus amigos dizem que eu penso demais nas coisas, mas se eu não pensar, quem vai por mim? O que custa questionar tudo? Eles dizem que eu faço perguntas demais e reclamam que eu nunca consigo respostas, mas não acho que precisemos de respostas para tudo na vida. Se nós tivéssemos respostas para tudo, não haveria a capacidade de questionar, sem questionar não haveria a Filosofia e nem a Ciência. Imagina que mundo chato!
Quando eu digo que a filosofia me tirou do fundo do poço falo uma completa verdade. Se eu pudesse expressar de verdade o quanto eu vejo filosofia em tudo, eu realmente me sentiria muito inteligente, mas aí eu seria uma pessoa inconveniente. De qualquer forma, eu olho para o mundo de uma maneira poética e acho que poesia é filosofia também. Não sei o motivo exato disso, deve ser por quê eu me criei com artes, me fiz pensar de uma maneira bonita, mesmo que o resultado seja algo doído. Por exemplo, depois da aula do Walter Benjamin comecei a olhar todos os dias para meus cenários comuns, mas não só olhar, observar, absorver; nós esquecemos de absorver. Aquela frustração que eu sentia por “tudo ser sempre igual” se desfez aos poucos por conta de um “raciocínio filosófico” da vida. Espero que o que eu diga seja compreensível de fato por que é muito importante para mim que você entenda o que eu digo.
Sobre me expressar, eu queria poder conversar dessa forma com alguém que pensa e conhece filosofia tanto quanto eu. As vezes eu fico olhando pra cara dos meus professores que mais filosofam na aula e fico pensando: “O que será que ele pensa sobre tal assunto? Será que ele gostaria de bater um papo sobre isso?” Acho show de bola ouvir as pessoas falando. Sou muito assim, de ouvir mais do que falar; observar mais do que agir; minhas amigas também reclamam disso. Talvez eu queira esse diálogo só para ter com quem conversar, pode ser, mas acho que é mais para aprender. Se eu compreender outras visões, talvez eu possa formular a minha visão de forma melhor.
Enfim, se eu fosse falar todas as formas que filosofar se demonstrou algo lindo para mim eu ia passar 1 ano escrevendo um livro maior que O Capital, mas como não tenho tanto tempo assim, dei um resumo. Se eu pudesse viver pensando eu viveria, é uma das coisas mais bonitas. Pensar e transformar isso em poesia, em filosofia.
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