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Category: Religion and Philosophy

Eu, Hume e Heráclito.



“Memories, pressed between the pages of my mind

Memories, sweetened thru the ages just like wine”

Memories - Elvis Presley



Na aula de hoje revimos o filme Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e o Professor Gabriel fez um paralelo entre o filme e o pensador Hume (finalmente tive essa aula, valeu a pena a espera rsrs). Fiquei me questionando, como faço todo fim de aula e tentei trazer o que foi dito por ele para a minha realidade e percebi que pode se encaixar muito bem em algumas situações da minha vida. Abro também um questionamento que eu fiz para mim mesma durante a explicação do professor:


Se for uma memória ruim, não é melhor buscar apagá-la do que sofrer diariamente por conta dela? O quanto realmente vale o conhecimento e as experiências?


Pensei nisso por inúmeros motivos. Quando temos um evento traumatizante, não queremos que isso continue em nossa mente. Embora eu tenha plena noção de que sem tais eventos na minha vida eu não seria quem eu sou hoje, acho que eu preferia me perder completamente do que ter vivido tudo que já vivi que me afetou de maneira EXTREMAMENTE negativa. Não digo apagar decepções, péssimas amizades, entre outras bobeiras, mas sim apagar coisas que realmente me trouxeram problemas a longo prazo e que eu não consigo consertar e definitivamente sou incapaz de esquecer. Embora as experiências formem quem nós somos, até que ponto ela pode ser realmente boa? É como aquelas pessoas que se metem em problema só pra poder contar uma história ou formar uma personalidade baseada nessa situação; será que vale mesmo a pena abrir mão de uma vida calma, onde você poderá (caso consiga achar algo que te motive a fazer isso) pensar e questionar o mundo a sua volta sem sofrer em sua mente tal situação de novo ou de novo ou é muito melhor experienciar tudo de ruim que o mundo pode ter a oferecer para de fato conseguir conhecimento? Desejar esquecer pessoas parece egoísta, desejar esquecer situações também, mas é inegável que todos em algum momento já suplicaram para aquilo não ter acontecido. Às vezes acho que o fardo de esquecer é muito menor do que o fardo de lembrar. Então esquecer, para mim, seria mais um prazer do que um sofrimento.

Atualmente sou completa e total a favor de me obrigar a reviver péssimos momentos da minha vida e tentar observar como isso afetou quem eu sou agora, por mais doloroso que seja. Acho que a vontade de esquecer tudo diminuiu depois que eu aprendi a questionar e a analisar o que acontecia.

A questão é que, assim como os personagens do filme, nós não queremos acabar com o cerne do problema, queremos acabar justamente com o problema. O errado da situação seria esse, mas se formos acabar com o início de todo problema, não existiria humanidade para começo de conversa.

Essa questão toda, principalmente da Clementine, me lembrou algo que eu disse sobre o filme quando apresentamos nossa interpretação, segundo filósofos, sobre tal. Recordo-me que falei do Heráclito e sobre como essa personagem era completamente parecida com o que ele dizia, a tal coisa do rio, que sempre muda. Todo mundo é assim, mas acho que eu percebo isso de maneira extrema em mim, mas quando eu era mais nova, agora eu mudo meu pensamento e comportamento de maneira rápida, buscando formar uma opinião completa ao invés de procurar o que eu queria antes. A coisa do cabelo, eu fiz isso também. É meio vergonhoso admitir, mas acho que depois que eu “voltei a pensar” eu melhorei muito.

Se voltássemos à questão da memória e fossemos seguir a lógica de que “se apagarmos um erro, vamos cometê-lo novamente”, abro também o questionamento para, e se aquilo foi independente de nós? Acabaria acontecendo de qualquer maneira ou não?

Enfim, tenho muitas perguntas. Gostaria de tomar um café, comer um bolo e conversar sobre tudo que tenho a questionar, mas não sou a Sofia e eu não tenho um Alberto Knox.



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