CRISES
Olá, meu nome é Gabriel, tenho 20 anos e sou autista com AH/SD.
Hoje vou falar um pouco sobre shutdown, meltdown e burnout no autismo, além de outras questões relacionadas. Cada autista é diferente do outro, mas tentarei abordar o tema de forma geral. No meu caso, sou muito propenso a ficar sobrecarregado com sons, cheiros e texturas. Devido a esse sobrecarregamento, posso acabar tendo um shutdown, meltdown e, se durar por muito tempo, um burnout.
O shutdown, ou crise interna, é o mais frequente na minha vida. Normalmente, ele surge após muito tempo de socialização ou de masking. Eu acabo ficando apático, às vezes não verbal, e tenho uma sensação parecida com dissociação; minha dicção começa a ficar horrível, o que piora ainda mais o masking, e preciso ficar um tempo isolado para poder me recompor.
O meltdown, ou crise externa, ocorre após frustrações ou muita responsabilidade e pressão. Normalmente, tenho esse tipo de crise quando meu pai está em casa, pois ele não é compreensivo com a minha situação e passa o tempo todo me xingando, o que desencadeia o meltdown. O meltdown é uma explosão de raiva em que fico temporariamente inconsciente, acabo quebrando coisas ou, raramente, avançando na pessoa que está me pressionando. Na maior parte das vezes o meltdown se transforma em um shutdown após a retomada de consciência. É uma crise bem humilhante de se passar, pois demonstra um lado meu que não é muito agradável de se ver.
O burnout é o esgotamento físico ou mental que ocorre quando o autista passa muito tempo sobrecarregado. Eu o experiencio quando estou socializando frequentemente. O pior burnout que tive foi em 2018; além de estar muito pressionado pela escola, ainda tinha que me preocupar com amigos e, para piorar, fiquei apaixonado. Uma característica do burnout é a perda de interesse por atividades que antes davam prazer e a dificuldade em realizar tarefas que antes eram fáceis ou relativamente fáceis de realizar. O autista fica excessivamente sensível.
A melhor maneira de prevenir e se recuperar de uma crise é criar um ambiente confortável e acolhedor. Coloque uma música que você goste, pegue algum objeto para manusear e, se possível, sinalize para as pessoas ao seu redor que você não está 100% disposto. Se elas realmente gostarem de você, tenho certeza de que entenderão e ajudarão a criar esse ambiente.
Obrigado pela atenção, beijos.
Comments
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francisca
muito bom o texto! bem compreensível e informativo.
beijos, Gabriel!
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