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Category: News and Politics

"Tempo Livre" - Theodor Adorno

O texto em si não é muito longo, ele é um PDF de apenas 9 páginas (pelo menos o que eu achei disponível para ler gratuitamente na internet). Eu vou escrever um pouco sobre o que eu entendi do texto em si, talvez ele fique confuso, porém, vou pesquisar também em outras fontes para deixar mais claro e também para eu mesma entender mais ainda o que o Adorno quis dizer.



Sobre o texto (resumidinho):


Sob o viés filosófico de Theodor Adorno, o tempo livre tende em direção contrária à de seu próprio conceito, ou seja, ele funciona de forma contrária à qual realmente deveria funcionar. Portanto, o tempo livre, que seria onde temos a liberdade, na verdade teria a “não-liberdade”, a falta dela. A falta de poder ou até conhecimento de que não a tem, geraria uma pessoa não-livre que, não todas, mas a maioria, não percebe que sua “liberdade” seria falsa, sendo assim, dando uma falsa sensação de autocontrole e comando da própria vida.


Contudo, salienta-se que, a própria necessidade de liberdade é funcionalizada e reproduzida pelo comércio; o que a indústria quer lhes é mais uma vez imposto. Por isso, as pessoas não percebem o quanto não são livres lá onde mais livres se sentem, porque a regra de tal ausência de liberdade é abstraída delas. A indústria manipula o tempo que seu trabalhador tem quando não está focado em criar produtos para poder fazer com que esse trabalhadores sinta uma súbita vontade de ocupar esse tempo com “hobbies”.


Tais “hobbies” seriam na verdade apenas um programa, ou até mesmo uma desculpa, das empresas e grandes negócios para continuarem lucrando em cima do cansado trabalhador que, num momento de desespero e procura de paz, vai procurar algo para fugir de sua rotina corriqueira. 


Um exemplo, foram as manifestações jovens que, enquanto Adorno escrevia, estavam acontecendo e, como uma forma de “rebeldia”, faziam “campings”, dormiam em outros lugares, entre outros costumes. E a indústria, apossou-se do termo e criou o hobbie de acampar, assim criando materiais e objetos, os quais podem ser comprados em lojas específicas, e vendendo eles por um preço absurdo, conforme para o que serve,  sua qualidade (mais duradouro ou não) ou até se é ou não mais prático.




Também vale a pena ressaltar que, todos os jogos de tabuleiro que somos influenciados a jogar - como WAR, Monopoly, o Jogo da Vida, etc - transformam modos de estar no mundo e encarar a vida em brincadeiras. Portanto, quase todas as brincadeiras são basicamente um treino para um mundo violento, capitalista e de fazer dinheiro para enriquecer, fazendo parecer até engraçado e divertido de participar. 


Sob esse contexto, quando Adorno foi para os Estados Unidos, um dos principais objetivos dele era descobrir como as famílias de classe média e trabalhadoras passavam o seu tempo livre e o que elas consideravam lazer. E observando tudo, ele percebeu que o tempo de lazer se torna tóxico, no capitalismo moderno. O tempo de lazer/tempo livre, para Adorno, deveria ser utilizado para que pudéssemos ser melhores versões de nós mesmos. Contudo, ter uma classe que fosse alienada em relação ao mundo, ou seja, que não estava envolvida na história ou nas lutas, era muito interessante para quem controla essas classes.


A indústria da cultura sempre vai entregar o entretenimento para a sociedade, para que possamos preencher o nosso tempo vago, descansar a nossa cabeça e não pensar sobre a realidade. Ela pega esse papel de tranquilizar as massas, sendo uma espécie de panem et circenses, para que não haja uma interação nos reais problemas ou um desejo real de mudar esses problemas. 


“O homem mais perigoso dos EUA, é o Walt Disney.”

(Adorno para Walter Benjamin)


O capitalismo nunca vende em si o produto que ele apresenta nas publicidades, e sim, a ideia daquilo que está sendo apresentado na propaganda. Como num comercial de margarina onde uma família feliz com a mesa farta é apresentada e, por algum motivo que você não sabe qual, tu decide comprar a margarina, mas não por conta do produto, e sim por conta da ideia que foi vendida, a ideia que foi fetichizada de que você só vai ser feliz e com a mesa farta se tiver aquela exata margarina. 


Com isso, o Adorno torna-se fundamental para perceber a manufatura em cima dos nossos desejos. Ele diz que, nossas batalhas e nossos conflitos, não estão somente na nossa realidade material e que o real problema seria um empecilho cultural e psicológico, pois, são esses campos que impedem as pessoas de lutarem pela sua realidade material. Em suma, as principais barreiras para o progresso social, não são apenas políticas e econômicas, mas também culturais e psicológicas. 



Foi isso gente!! Espero que vocês tenham gostado desse mini textinho, fiz tudo baseado no texto mesmo do Adorno e em dois canais do YouTube que eu achei muito interessantes: o "Tempero Drag"; e "Doxa e Episteme".

Obrigada pela atenção!! 
Até a próxima, beijinhos ᓚᘏᗢ 


<3


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